Henry James
Henry James nasceu em Nova York, em 1843, em uma família culta e abastada. Em 1855, viajou com os pais e os irmãos à Europa, quando percorreu vários países, freqüentando museus, bibliotecas e teatros, o que se repetiu em 1858 e 1859. Formado por preceptores particulares, começou a estudar direito, em Harvard, em 1862. Mais interessado na leitura de Balzac, Hawthorne e George Sand e nas relações com intelectuais como Charles Eliot Norton e William Dean Howels, abandonou o direito para se dedicar à literatura. Seus primeiros textos e críticas apareceram em jornais. Depois de viver um ano em Paris, fixou-se, em 1876, na Inglaterra, onde continuou produzindo sua vasta obra, que compreende ensaios, teatro, relatos de viagem, romances, novelas e contos. Faleceu em 1916, aos 72 anos.
Talvez tenha sido o último escritor sutil de uma literatura, a norte-americana, que se embruteceu desmasiadamente a partir das primeiras décadas deste século. Nascido americano, mas naturalizado inglês já no fim da vida, James ficou famoso por ter descoberto o que os críticos chamam de "tema internacional". Quer dizer o seguinte: a grande maioria dos romances jamesianos - e são muitos! - ora enfocam europeus vivendo nos EUA, ora estadunidenses vivendo na Europa, sobretudo, na Inglaterra. James foi um extraordinário cronista dos costumes e do espírito burguês da virada do século dezenove para o século vinte. Embora tudo nele seja ambíguo e delicado, sua obra expressa nitidamente sua crença na arte como fertilizante da civilização. Muito se escreveu ao longo deste século sobre os romances, ensaios e contos de James, mas sua vida pessoal continua imaculada.
Uma das principais características de Henry James é revelar o inusitado que se esconde sob o cotidiano. O que pode ser extraordinário em uma vida aparentemente banal? Haveria carga dramática suficiente em uma existência destituída de arroubos, gestos de heroísmo ou decisões capazes de alterar o curso de outras vidas? E como escrever sobre uma vida comum, quase estúpida, sem incorrer no erro fatal de utilizar uma linguagem medíocre ou um narrador que seja somente o decepcionante espelho dos fatos, capaz apenas de repetir, sem qualquer viço, perspicácia, inteligência ou ironia o cotidiano dos personagens? As respostas a todas essas perguntas encontram-se em seus livros.