"Dócil", por Ingrid Oyarzábal Schmitz

 

    Parecia um dia normal, muita gente no pátio do colégio, muito barulho, aquele seria o nosso último recreio antes da formatura. Tudo estava ótimo, estávamos na rodinha de amigos costumeira, dali a pouco um cachorro, até que bem dócil, começou a circular entre nós. Edu, meu colega loiro, com cabelo cacheado e de olhos meigos, disse que iria pegar o animal e levá-lo para fora dali.
    O desespero me tomou quando o indefeso cachorro se transformou em uma fera da minha altura, com dentes do comprimento de meus dedos, que jogou Edu contra a parede. Ele caíra em meus braços, e sussurrou:
    - Laura...
    Sem conseguir proferir mais que meu nome eu o levei para as escadarias que davam acesso ao prédio da enfermaria, lá o deixei. Ao voltar para o pátio vi o dia se tornar noite, tudo em total breu, a correria era geral, estava sem entender nada.
    Chamei por minhas amigas vi que elas estavam organizadas correndo para o prédio dos dormitórios, chamei novamente, não obtive resposta, até que um de meus colegas me chamou. Os meninos estavam no banheiro masculino, segurando isqueiros, não me falaram nada além de:
    - Suba as escadas, rápido...
    Depois só entendi gritos, por dentro do banheiro vi escadarias, as subi, logo encontrei algo parecido com uma fortaleza, me acomodei em um pequeno espaço. Pouco tempo depois algumas meninas entravam, mais atrás vi minhas amigas, perguntei:
    - O que esta havendo?
    Denise, ofegante respondeu:
    - Você não consegue nem imaginar? Aquele não era um cão comum, era um lobisomem, e quando Edu tentou domá-lo, ele levou como um desafio. Nossa sorte é que fomos treinados para sermos caçadores de lobisomens...
    Foram as últimas palavras de que me lembro, depois houve um baque muito grande na rua e daí eu desmaiei. Logo fui acordada, mas não consegui digerir aquela história de treinamento, mas aos poucos comecei a perceber certas atividades escolares como: treinamento de cães, muitas lutas corporais, lendas antigas, sobrevivência na selva e em locais de completa escassez,...
    Cada vez tudo parecia mais confuso, até que fomos informadas que os meninos foram derrotados, e levaria pouco para que a fera nos achasse, era lutar ou morrer sem tentar. Muitas, com medo, ficaram no abrigo, já sem escolha fui à frente, a escuridão permanecia, mas ainda sim foi possível ver muitos corpos no chão. Circulamos por todo pátio, porém nenhum sinal do monstro.
    Fomos para a sala das câmeras para localizar o animal, no local mais inesperado o encontramos. Parecendo um simples animal, ele estava sentado no jardim dos girassóis, onde seria a entrega dos diplomas, porém nada fora organizado, apenas um mural com nossas fotos. Ouvi um estampido e o cão com tamanho de um urso adulto fora atingido, por uma garota da equipe de tiro ao alvo, ele caíra, derrubando o mural e manchando-o de sangue. Triste saber que o fim seria apenas o começo que uma vida sem aposento, e muito menos de outra direção, triste fim.

Tópico: "Dócil", por Ingrid Oyarzábal Schmitz

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Feras e aberrações??? Hummm, nada mal. Me parece um conto lendário, sem o entusiasmo do terror. Mas... É um bom conto garota. Pode apostar que sim. O brigada.

parabens

cada um tem sua opiniao e gostei muito desse conto

Dócil

nunca um nome se mostrou tão perfeito para um conto. Fraco.

"Dócil"

Muito bom este conto.Espero que postes mais dos teus contos.

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