A Última Esperança Sobre a Terra, de Richard Matheson
Richard Matheson é, em minha opinião, um dos maiores escritores de literatura fantástica, do mesmo nível de mestres como Dean Koontz, Stephen King e H. P. Lovecraft. No entanto, diferente destes, Matheson é muito pouco conhecido no Brasil devido aos poucos livros lançados no país. Publicados aqui, apenas Em Algum Lugar do Passado, Amor Além da Vida, Hell House – A Casa Infernal (cuja resenha se encontra aqui no Biblioteca Sombria), O Incrível Homem que Encolheu e A Última Esperança Sobre a Terra. Curiosamente, todos adaptados ao cinema. Sobre isso, este último que cito tem, na verdade, umas das produções mais infieis e com textos alterados que já vi em adaptações. Sim, caro leitor, trata-se de Eu Sou a Lenda, protagonizado por Will Smith há alguns anos e que não reflete 5% do que realmente é esta magnífica obra. É importante destacar que apenas a ideia principal de uma cidade “morta” foi aproveitada. Todo o resto – trama, alguns personagens e inclusive o final – foram alterados de forma grotesca. Com o leitor já ciente de tudo isso, posso falar com calma deste livro, que no Brasil se chama originalmente A Última Esperança Sobre a Terra, embora tenha sido lançado recentemente uma edição sob o nome Eu Sou a Lenda, que inclui também alguns contos do autor.
A Última Esperança Sobre a Terra conta a saga de Robert Neville, único sobrevivente de uma epidemia que se abateu sobre o mundo e que transformou todos em uma espécie de zumbis/vampiros, que se alimentam de sangue. Durante à noite, as criaturas saem à caça de alimento e, consequentemente, de Neville – que está protegido por uma casa reforçada com tábuas de madeira firme, espelhos e alhos, o que mantém as criaturas à distância. De dia, elas hibernam, momento em que o protagonista pode sair em busca de comida, além de aproveitar para caçar as criaturas não apenas para matar, mas para efetuar experimentos.
Esse é apenas o ponto de partida para uma estória insana, claustrofóbica, cruel e, acima de tudo, bela em sua essência. Você acompanha de perto a vida de Robert Neville e seus sonhos de encontrar a cura para uma doença hedionda e o desejo de achar alguém como ele em um mundo devastado. A solidão, o tédio e a rotina são tão cruéis, para Neville, como a própria doença que se abateu sobre o mundo. Não tem como não ficar comovido pelas situações por quais passa Neville, sentindo todo o drama e, acima de tudo, todo o terror de se viver em meio a uma cidade morta.
A leitura é ágil e muito gostosa. Provavelmente o leitor terminará o livro em poucos dias já que, infelizmente, é bem curto. De qualquer forma, vale cada página lida. Já começa em um ritmo rápido e até mesmo para um livro que parece seguir em uma linha óbvia, você ficará chocado com as reviravoltas que lhe esperam até o seu final.
Portanto, esqueçam o filme Eu Sou a Lenda. Não há muita coisa da obra de Richard Matheson que tenha sido aproveitado de produtivo. Uma cidade “morta” e infestada por criaturas você pode ver em Madrugada dos Mortos, Extermínio e outras diversas produções cinematográficos por aí. Então, se quer uma experiência única e uma trama original, não deixe de ler a A Última Esperança Sobre a Terra, que possui uma essência própria e que causa diversos sentimentos, onde todos são de natureza aterrorizante.