O Diabo Nunca Dorme, de Daniel Rhodes
Foi uma pechincha! Menos de cinco reais em um sebo e a promessa de um terror de primeira qualidade. Já havia ouvido falar deste livro e, embora nunca tenha gostado de histórias de possessão, demônios e padres, devo admitir que O Diabo Nunca Dorme tem uma essência diferente.
Tudo começa em um pequeno vilarejo no sul da França. Reza a lenda que lá existiu um malévolo Cavaleiro Templário, chamado Guilherm de Couderval, que matava pessoas com enorme crueldade, fazia rituais em que bebia seus sangues e invocada um demônio cujo nome era Belial, o segundo anjo caído após Lucifer. Este demônio lhe dava o poder de levantar os mortos. Durante a Inquisição, Guilherm de Couderval foi morto na fogueira, mas prometeu que seu espírito iria continuar firme e cometendo as crueldades de outrora. Centenas de anos depois, um casal americano chega para uma temporada de sossego no local. Mas, assim que pisam na cidade, John McTell é atormentado pelas visões das ruínas que ficam no topo de uma montanha, onde aconteciam as crueldades de tempos antigos. Estudioso de História Medieval, McTell vai até lá e acaba descobrindo o Diário de Guilherm de Courdeval. A partir daí, se vê envolvido em uma série de acontecimentos que podem acabar com a vida de sua família e de outras pessoas da cidade.
Segredos, crueldade, assombração e demônios. O Diabo Nunca Dorme consegue nos remeter aos elementos básicos de qualquer terror. Admito que no início fiquei um tanto receoso devido a linguagem confusa - que me lembrou até mesmo o português de Portugal. Mas, passado algum tempo, você se acostuma e se vê instigado a descobrir o que vai acontecer. A leitura segue constante, com as explicações de um padre sobre o passado, o desejo de Mctell de descobrir mais sobre Guilherm de Couderval e o desespero de uma mulher que se vê atormentada por espíritos. No entanto, suspense mesmo apenas nas últimas páginas, já que a tensão vai sendo construída aos poucos.
Se o suspense é raro, a história é interessante, contante do início ao fim, mas cujo final deixa a desejar por ser confuso. O autor comete ainda alguns deslizes como furos no roteiro e a falta de explicações contundentes. No final das contas a sensação que fica é a de que faltou algo. Inclusive o final dá margem a uma continuação, mas como já fazem mais de 20 anos do lançamento original e nenhuma outra obra do autor foi lançada, então é possível acreditar que o final foi mesmo dessa forma: confuso e deveras subjetivo.
De qualquer forma, O Diabo Nunca Dorme deve ser lido para os amantes do terror. Os momentos em que o autor descreve fatos da Inquisição são excelentes e nos dá uma certa repulsa e apreensão. E o suspense que paira no ar também instiga. Acho que para um livro tão curto e barato não pode faltar na estante.
Nota: 7/10
Autor da resenha: Flávio Assunção Filho